No entanto, para a reza, não se pode recitar até que cubra o coração, porque na reza a pessoa se dirige diretamente ao divino e deveria se vestir de acordo.
E o Rav Huna disse: E sobre o caso de quem esqueceu e entrou no banheiro enquanto estava com Tefilin, e coloca a mão por cima deles, até terminar. A Guemará se pergunta: Mas, entra em sua mente dizer que se poderia fazer isso até terminar? Mas, não! Em vez disso, entenda a instrução como disse o Rav Naḥman bar Itzhak: Até que ele termine de eliminar a primeira massa de Tzo'á, só depois disso, pode sair e remover seus Tefilin. A Guemará questiona: Então se for assim, que pare imediatamente quando se der conta de que está com o Tefilin colocado e se levante e saia! A Guemará responde: Ele não pode fazer isso por causa da declaração do Raban Shimon ben Gamliel. Conforme foi ensinado num baraita: Uma massa de Tzo'á que estiver retida sem ter sido eliminada faz com que uma pessoa sofra de hidrokan [edema], enquanto um fluxo de urina que estiver retido faz com que uma pessoa sofra de ierakon [icterícia]. Considerando haver perigo potencial, os Sábios não exigiram que a pessoa parasse.
Foi afirmado que os Sábios discordavam em relação a situação daquele que tivesse Tzo'á em sua pele ou nas mãos, mas não o resto de seu corpo; e foi situado dentro do banheiro. Nessas circunstâncias, o Rav Huna disse: A pessoa teria permissão para recitar o Shemá. O Rav Ḥisda disse: A pessoa estaria proibida de recitar o Shemá! Rava disse: Qual é a razão da opinião do Rav Huna? É conforme está escrito: "Toda neshamá louve ao HaShem; Alelu’iah" (Tehilim 150:6), que ele interpretava como: "Que tudo o que tem respiração..." [neshima]. Enquanto a boca com que se recita louvor estivesse em um lugar de pureza [possível de respirar], a localização dos outros membros de seu corpo seria então, irrelevante.
E o Rav Ḥisda disse: Ele estaria proibido de recitar Shemá. Qual é a razão da opinião do Rav Ḥisda? É como está escrito: "Todos os meus ossos dirão: HaShem, que é semelhante a Ti" (Tehilim 35:10). Uma vez que esse louvor seria recitado com todo o corpo, não pode recitar Shemá, mesmo que apenas uma parte deste corpo, não esteja adequadamente limpo.
Foi dito que os Sábios discordavam sobre uma questão semelhante: Qual seria o estatuto haláhico da situação onde um odor fétido emanasse de uma fonte visível? Rav Huna disse: A pessoa se distancia quatro côvados da fonte do odor e recita o Shemá. E Rav Ḥisda disse: Saber onde está a fonte é irrelevante; a pessoa se distancia quatro côvados do lugar onde cessou de sentir o odor e recita o Shemá.
A Guemará observa que foi ensinado num baraita de acordo com a opinião do Rav Ḥisda: Não se pode recitar o Shemá perante Tzo'á humana, Tzo'á de cães, Tzo'á de porcos, Tzo'á de galinha, monte de tzo'á com mau cheiro ou qualquer coisa repulsiva. No entanto, se a imundície estivesse num lugar dez punhos acima ou dez punhos abaixo da pessoa, poderia [até] se sentar ao lado disso e recitar Shemá; posto que, uma disparidade de altura de dez punhos a tornaria um domínio separado. E se a imundície não estivesse dez punhos acima ou abaixo dele, deveria se distanciar até que permanecesse além de seu alcance de visão. E o mesmo vale para a reza. No entanto, a partir de um odor fétido com uma fonte visível, se deve distanciar quatro côvados do lugar que o odor cessou e [só então] recitar o Shemá.
Rava disse: A halahá não está de acordo com este baraita em todas essas decisões, mas sim de acordo com o que foi ensinado em outro baraita: Não se pode recitar o Shemá, nem perante Tzo'á humana - em todas as circunstâncias – nem perante excrementos de porcos, nem perante Tzo'á de cães, nos quais as peles tenham sido colocadas para procedimentos de curtume; mas, outros materiais não contaminariam o local da reza. [NT: Os curtidores trabalhavam com esterco animal ou cérebros no couro, batendo-os com paus ou amassando-os em outro tanque de fezes e água. Isso tudo era feito porque a combinação de enzimas bacterianas encontradas nas fezes dos animais, combinada com amassar ou bater, fermentaria a pele do animal e a tornaria muito mais flexível. Apropriadamente, você nunca encontraria curtumes perto do centro das antigas cidades.]
Eles propuseram um dilema perante o Rav Sheshet: Qual seria o status haláhico da seguinte situação: um odor fétido que não teria fonte visível ?- por exemplo – flatulência. Ele disse: Venham e Vejam estes tapetes na sala de estudo. Pois estes alunos dormem neles e estes outros alunos estudam no mesmo espaço, e [eles] não estão preocupados com os maus odores. No entanto, isso só se aplica ao estudo da Torá porque não há alternativa, mas não à recitação de Shemá. E com relação ao estudo da Torá dissemos que só é permitido quando o odor se originou de outro, mas não quando se originou de si mesmo.
Foi declarado que os Sábios discordavam sobre uma questão paralela: Qual seria a halahá em relação a uma situação em que, Tzo'á passaram diante da pessoa, porque estavam sendo movidas de um lugar para outro? Abaie declarou: Seria permitido recitar o Shemá perante tal situação. Enquanto Rava disse: Seria proibido recitar Shemá perante tal situação.
Abaie disse: De onde eu declaro essa halahá? Declaro com base no que aprendemos numa mishná: Aquele que fosse afligido com Tzara’at, tornaria a área sob qualquer cobertura sob a qual estivesse localizado, ritualmente impura. Num caso em que o Metzorá estivesse de pé sob os galhos de uma árvore e uma pessoa ritualmente pura passasse sob os galhos dessa mesma árvore, a pessoa ritualmente pura se tornaria ritualmente impura, pois toda a área sob essa cobertura seria ritualmente impura. No entanto, se a pessoa ritualmente pura estivesse de pé sob a árvore e o Metzorá que é ritualmente impuro passasse, a pessoa permaneceria ritualmente puro. E se o Metzorá parasse debaixo da árvore, a pessoa ritualmente pura seria imediatamente tornada ritualmente impura. O mesmo aconteceria com relação a uma pedra [que estivesse] contaminada com Tzara’at (tal qual, Vaicrá 14), na medida em que, se ela estivesse apenas sendo movida de um lugar para outro, não causaria impureza ritual. O resultado é que a impureza ritual só seria disseminada em todas as direções, quando a fonte da impureza ritual estivesse estacionária.
E Rava poderia ter dito: Lá, no caso da Tzara’at, a impureza ritual depende da permanência no lugar, conforme o que foi dito em relação ao Metzorá, pois está escrito: "Ele habitará só...; fora do acampamento será a sua morada" (Vaicrá 13:46). Sua impureza ritual estaria em sua morada permanente apenas. Aqui, com relação à obrigação de se distanciar de algo repulsivo, a Torá declarou o princípio: "E o teu acampamento será sagrado" (Devarim 23:15), e não há consagração nessas circunstâncias.
Sobre este assunto, o Rav Pápa disse: A boca de um porco é como [a situação descrita antes em que] Tzo'á [que estão sendo transportadas,] passam. A Guemará pergunta: Mas, isso é óbvio! Qual o objetivo de dizer isso? A Guemará responde: Não, só foi necessário ensinar esta halahá para ilustrar que, embora o porco tenha emergido do rio e se pudesse supor que sua foz estaria limpa por isso, ela nunca se torna completamente limpa.
Rav Iehudá disse: Se houver incerteza quanto à presença de Tzo'á, por exemplo, se há dúvida sobre se algo é ou não Tzo'á e, portanto, se é ou não permitido pronunciar assuntos sagrados ali, é proibido fazer ritos ali. No entanto, se houver incerteza quanto à presença de urina, seria permitido. Alguns disseram uma versão alternativa disso. Na versão alternativa, o Rav Iehudá teria dito: Se houver incerteza quanto à presença de Tzo'á, em casa se pode supor que não há fezes presentes e seria permitido falar assuntos sagrados, mas se houver dúvida quanto à presença de Tzo'á na pilha de tzo'á seria proibido fazer ritos ali. Se houver incerteza quanto à presença de Mei Raglaim, no entanto, mesmo que na pilha de tzo'á, seria permitido fazer ritos.
Ele tinha a opinião, de acordo com o que Rav Hamnuna disse , conforme o Rav Hamnuna disse: A Torá proibiu o pronunciamento de assuntos sagrados apenas perante o fluxo de Mei Raglaim.
E de acordo com a opinião do rabino Ionatan, conforme o rabino Ionatan apontou uma contradição entre dois versículos: Por um lado está escrito: "Você também terá um lugar fora do acampamento, para onde irá" (Devarim 23:13), o que significaria que alguém deveria sair do acampamento, antes de atender às suas necessidades corporais, mas não haveria obrigação de cobrir; e está escrito em outro verso: "E terás uma pá entre as tuas armas; e quando te aliviares lá fora, cavarás com ela, e voltarás para trás e cobrirás os tua Tzo'á" (Devarim 23:14), indicando uma clara obrigação de esconder os tzo'á.
Ele mesmo resolveu essa contradição, da seguinte forma: Como isso seria resolvido? Aqui, onde se exige ocultar suas necessidades corporais, o texto se refere a Tzo'á. E aqui, onde não há exigência de esconder suas necessidades corporais, o texto se refere à Mei Raglaim. Consequentemente, no que diz respeito à Mei Raglaim, recitar Shemá só era proibido pela lei da Torá, em frente a um fluxo de Mei Raglaim, mas uma vez que tenha caído no chão, seria permitido. E os Sábios seriam aqueles que emitiram um decreto em relação à Mei Raglaim. E quando eles emitiram um decreto, foi apenas num caso onde sua presença seria certa , mas num caso de presença incerta, eles não emitiram um decreto.
A Guemará pergunta: Num caso de presença certa de urina, até quando e em que situação, esta presença impediria alguém de pronunciar assuntos sagrados? Rav Iehudá disse que o Shmuel havia dito: Desde que estivesse molhado o suficiente para umedecer as mãos de quem o tocasse. E assim também, Raba bar bar Ḥana disse que o rabino Iohanan teria dito: Desde que umedeça. E assim também, Ula disse: Desde que umedeça. Guenivá, em nome de Rav disse: Seria proibido recitar temas sagrados, posto que a marca [de Mei Raglaim] seria aparente no chão, impossibilitando dizer que a presença daquilo não seria evidente.
Rav Iossef disse: Que Elohim seu Mestre, perdoe Guenivá, pois Rav não poderia ter dito tal coisa. Ele deve ter se equivocado. Agora, se no caso de tzo'á, Rav Iehudá disse que o Rav havia dito: Uma vez que sua superfície tenha secado o suficiente para formar uma crosta, seria permitido pronunciar assuntos sagrados ali; Seria necessário dizer que perante urina seca, seria permitido?
Abaie disse: O que você viu que o levou a confiar naquela halahá? Confie nesta halahá; tal qual o Raba bar Rav Huna disse que Rav havia dito: Proferir assuntos sagrados perante tzo'á, mesmo que seja tão seco quanto barro, é terminantemente proibido!
A Guemará pergunta: Quais seriam as circunstâncias das tzo'á como o barro? Raba bar bar Ḥana disse que o rabino Ionahan havia dito: Desde que alguém o jogasse e não desmoronasse, ainda seria considerado úmido. E alguns disseram: desde que se pudesse rolar de um lugar para outro e não desmoronasse.
Ravina disse: Eu estava perante Rav Iehudá de Difti no momento em que ele viu tzo'á. Ele me disse: Examine e veja se sua superfície secou o suficiente para formar uma crosta. Alguns disseram que ele lhe teria dito o seguinte: Examine e veja se está rachado, pois só assim é considerado seco.
Uma vez que, várias opiniões foram expressas sobre o assunto, a Guemará pergunta: Qual conclusão haláhica se chegou sobre isso? Foi declarado que a halahá seria passível de disputa: Sobre recitar temas considerados sagrados perante Tzo'á tão secas quanto barro; Ameimar disse: É proibido, e Mar Zutra disse: É permitido. Rava disse que a halahá seria: Perante Tzo'á tão secas quanto barro seria proibido, e perante urina, seria proibido, desde que úmida.
A Guemará propôs uma objeção com base no que foi ensinado numa baraita: Urina, desde que úmida seria proibida. Se foi absorvida no solo ou seca no local, seria permitido. O que? Mas a Mei Raglaim que foi absorvida não seria semelhante à urina que já secou? Assim como quando seca, e sua marca não é mais aparente, também quando é absorvida, sua marca não é mais aparente, e então seria permitido. Mas quando sua marca fosse aparente, seria proibida, mesmo que não esteja mais úmida.
A Guemará propôs uma dificuldade para contrariar isso: E de acordo com o seu raciocínio, declare a primeira cláusula: Desde que úmida, seria proibido, do qual se pode inferir: Mas se não estiver úmida, mas sua marca seria aparente, e seria permitido. Pelo contrário, nenhuma inferência além de seu sentido básico pode ser deduzida desse baraita, pois as inferências são contraditórias.
A Guemará observa: Digamos que isso seria paralelo a uma disputa entre os tana'im, conforme foi ensinado num baraita. No entanto, a própria Mei Raglaim que foi derramada, se foi absorvida é permitido; se não foi absorvida, é proibido. O rabino Iossei discordava e dizia: Seria proibido desde que estivesse úmido.
A Guemará esclarece essa disputa: Qual o sentido de se dizer, absorvido e não absorvido, no que diz o primeiro taná? Se você disser que “absorvido” significa que ele não está úmido e não absorve, isso significa que está úmido, e o rabino Iossei veio dizer: Desde que esteja úmido, é proibido! Mas, se não houver umidade, mas sua marca estiver aparente, seria permitido. Sendo assim isso seria idêntico à opinião do primeiro taná e não haveria qualquer contestação. Mas, pelo contrário, o termo “absorvido” significa que sua marca não seria aparente e o termo, não absorvido significaria que sua marca seria aparente. E o rabino Iossei veio dizer: Desde que úmido, seria proibido. Mas se não houver umidade, e sua marca for aparente, seria permitido, caso em que, a disputa em nossa Guemará seria paralela a essa disputa dos Taná’im.
A Guemará afirma que a questão, não seria necessariamente paralela: Não! Todos eles, ou seja, ambos os taná'im, concordavam que, desde que úmido, seria proibido. E se não houvesse umidade, mas sua marca fosse aparente, seria permitido.

