Fomos informados de que, cada dia da semana, os membros da vigília sacerdotal jejuavam por vários motivos.
Na Quarta Feira, eles jejuavam por causa da Askará. Diz o texto:
בָּרְבִיעִי — עַל אַסְכָּרָא שֶׁלֹּא תִּיפּוֹל עַל הַתִּינוֹקוֹת. בַּחֲמִישִׁי — עַל עוּבָּרוֹת וּמֵינִיקוֹת. עוּבָּרוֹת — שֶׁלֹּא יַפִּילוּ, מֵינִיקוֹת — שֶׁיָּנִיקוּ אֶת בְּנֵיהֶם. וּבָעֶרֶב שַׁבָּת לֹא הָיוּ מִתְעַנִּין מִפְּנֵי כְּבוֹד הַשַּׁבָּת, קַל וָחוֹמֶר בַּשַּׁבָּת עַצְמָהּ
Na quarta-feira eles jejuavam por causa da אַסְכָּרָא Crupe (laringotraqueobronquite), por afetar crianças, pois na narrativa do Bereshit do quarto dia, os corpos luminosos [מאורות me'orot] foram criados, e isso foi interpretado como uma alusão textual a "maldições" [מארת me'erot ]. Na quinta-feira, eles jejuavam por mulheres grávidas e lactantes, pois na narrativa do Bereshit, os seres vivos foram criados neste dia. Por mulheres grávidas, eles jejuavam para que não abortassem, enquanto por mulheres que amamentassem eles jejuavam para que fossem capazes de amamentar seus filhos corretamente. E na véspera do Shabat eles não jejuavam, em respeito ao Shabat, e a fortiori se diz, que eles não jejuavam no próprio Shabat.
O mesmo acontece com a versão Soncino do Talmud, ambos presumivelmente seguindo o dicionário de Marcus Jastrow, que o traduz o termo como "asfixia ou Crupe".
O dicionário Jastrow cita o Tehilim 63 : 12, onde outra forma de trabalho (issoker) é usada:
וְהַמֶּלֶךְ יִשְׂמַח בֵּאלֹהִים יִתְהַלֵּל כָּל־הַנִּשְׁבָּע בּוֹ כִּי יִסָּכֵר פִּי דוֹבְרֵי־שָׁקֶר׃
Mas o rei se alegrará em Elohim; todos os que por ele juram exultarão, enquanto a boca dos mentirosos será fechada
“Askará é identificada com Difteria, uma doença que infecta principalmente a garganta. Na época do Talmud, se temia esse mal, como uma das doenças mais horríveis, e que muitas vezes levava a uma morte horrorosa.”
Acontece que, existem três doenças que poderiam se enquadrar na descrição de askará: A difteria, a epiglotite e a doença chamada quinsy (abcesso peritonsillar ).
Eles também se encaixam na descrição de outra condição talmúdica chamada sironechi (סרונכי).
O grande estudioso da medicina talmúdica Julius Preuss escreveu que:
"é provável que a doença conhecida como serunke ou sirvanke seja semelhante à doença askará."
Então, como saber qual era?

Difteria (ou Crupe) é uma doença causada por uma bactéria denominada Corynebacterium difteria.
Este ser vivo causa uma infecção leva à fraqueza e febre, seguida pelo inchaço na garganta que gradualmente se torna coberto por uma membrana cinzenta espessa.
Se a asfixia em si não matar a vítima, toxinas liberadas pela bactéria podem casuar sua morte.
O Dr Brown conta que, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, em 1921 houve mais de 200.000 casos de difteria nos EUA, e mais de 15.000 mortes. No Brasil, em 1990 tinham sido registrados 640 casos.
A difteria ainda pode ser encontrada no mundo em desenvolvimento, especialmente em partes da África e da Índia, e a Organização Mundial da Saúde estima que houve mais de 7.000 casos em todo o mundo em 2014.
Como a maioria dos médicos nos EUA, o Dr Brown diz nunca ter visto um caso (ou sequer conhecido alguém que tenha visto um caso...) porque, graças à vacinação generalizada, a doença foi quase completamente erradicada. A Difteria pode certamente matar sua vítima por sufocamento, por isso é uma escolha plausível para se identificar tal doença com askará.
A Epiglotite
Embora nenhuma das traduções em inglês tenha sugerido epiglote como uma possível tradução para askará, segundo o Dr Brown esta infecção certamente poderia caber na alusão.
A doença é mais comumente causada por Haemophilus influenzae tipo b, e resulta em inchaço da epiglote, que é, com se fosse, um retalho de tecido que cobre a laringe (também conhecida por pessoas não medicamente treinadas como caixa de voz).
É sua epiglote que se move sobre a tal "caixa de voz" toda vez que você engole algo, impedindo que a comida entre em sua traqueia e portanto, nos pulmões.
Em casos de epiglotite aguda, esse "retalho de pele" e os tecidos circundantes, podem ficar inchados a tal ponto, que a respiração se torna impossível, e a vítima sufoca.
Felizmente, esta doença também é, hoje em dia, extremamente incomum em países desenvolvidos, uma vez que há uma vacina eficaz contra ela.
Devido à forma como a doença faz com que as vias aéreas se tornem ocluídas, a epiglote também é uma boa candidata à condição descrita como askará.
A doença chamada Quinsy
Quinsy é uma palavra raramente usada que se refere a uma inflamação das amígdalas. É uma complicação popularmente chamada de estreptococos de garganta, ou amigdalite.
É mais comumente causada por uma bactéria conhecida como Streptococcus beta-hemolítica do Grupo A, e a maioria conhece. Eu mesmo tenho amigdalite desde criança.
Hoje é facilmente tratada com antibióticos, mas uma de suas raras complicações é um abscesso peri-tonsar, às vezes chamado de quinsy.
Nesta condição, um abscesso se forma na parte de trás da boca, nas amígdalas, que se avolumam para a frente. Quando isso ocorre, o tratamento seria perfurar o abscesso. O Dr Drown comenta ter tratado centenas de casos assim, e muitos casos de abscesso peri-tonsilár, e a condição nunca causava sufocamento - embora pudesse, em teoria.
Então, talvez, isso faria deste mal também, um possível candidato, embora improvável, da condição conhecida como askara.
MAS NÃO CRUPE DR?
Uma coisa é certa, ele diz: Askará não é Crupe Viral! O que é uma boa notícia, para aqueles com crianças pequenas, já que Crupe é uma doença comum (mais, durante esses meses de inverno).
Crupe viral seria uma infecção viral (causada por vírus, não bactéria) da traqueia e brônquios, e leva a uma tosse forte horrível e alguns sintomas parecidos com asma.
É uma condição de auto-resolução, e os sintomas são facilmente tratados levando a criança para o ar frio, ou para o banheiro onde um chuveiro esteja liberando vapor. De qualquer forma, é muito, muito, muito improvável que leve a uma condição de risco de vida. Então Askará não é crupe viral.
Nenhum caso de difteria é desacompanhado pelo perigo. Por mais leve que o caso possa parecer no início, a morte pode acabar com ele. Nunca fique desprevenido.
Seja lá o que for hoje, Askará se refere a uma doença terrível que era especialmente mortal em crianças.
Tanto que, de acordo com o Talmud, o perigo desta doença teria sido sugerido nas palavras iniciais da Torá que descreve a criação:
וַיֹּאמֶר אֱלֹהִים יְהִי מְאֹרֹת בִּרְקִיעַ הַשָּׁמַיִם לְהַבְדִּיל בֵּין הַיּוֹם וּבֵין הַלָּיְלָה וְהָיוּ לְאֹתֹת וּלְמוֹעֲדִים וּלְיָמִים וְשָׁנִים׃
E Elohim: "Que haja iluminadores na expansão dos céus, para separar o dia da noite; que eles sirvam como sinais, para os horários definidos - os dias e os anos."
יהי מארת. חָסֵר וָי"ו כְּתִיב, עַל שֶׁהוּא יוֹם מְאֵרָה לִפֹּל אַסְכָּרָה בַּתִּינוֹקוֹת, הוּא שֶׁשָּׁנִינוּ בְּד' הָיוּ מִתְעַנִּים עַל אַסְכָּרָה שֶׁלֹּא תִפֹּל בַּתִּינוֹקוֹת
A palavra מארת "Meorot" (iluminadores) foi escrita sem o א (o que permite que seja lida, "amaldiçoada"). O motivo disso, seria isso se refere a "um dia amaldiçoado". Que dia? O dia em que as crianças são passíveis de sofrer de askará! Em referência a isso lemos (no Talmud, Taanit 27b): No quarto dia da semana eles costumavam jejuar para evitar askará nas crianças...
ואנשי מעמד מתכנסין לבית הכנסת ויושבין ד' תעניות בשני בשבת בשלישי ברביעי ובחמישי בשני על יורדי הים בשלישי על הולכי מדברות ברביעי על אסכרא שלא תיפול על התינוקות
E enquanto isso, os membros da vigília não sacerdotal permaneciam em suas cidades, e se reuniam na sinagoga e observavam quatro jejuns: Na segunda-feira daquela semana, na terça-feira, na quarta-feira e na quinta-feira. Na segunda-feira eles jejuavam pelos marinheiros, para que fossem resgatados do perigo, já que na narrativa do Sefer Bereshit, o mar é mencionado no segundo dia. Na terça-feira eles faziam jejum para quem andava no deserto, pois na narrativa do Bereshit, a terra firme foi mencionada no terceiro dia.
Na quarta-feira eles jejuavam por causa da אַסְכָּרָא Askará, por afetar crianças, pois na narrativa do Bereshit do quarto dia, os corpos luminosos [מאורות me'orot] foram criados, e isso foi interpretado como uma alusão textual a "maldições" [מארת me'erot ].
Seja qual for o "agente" exato da doença, é interessante notar que há uma boa razão para temer especialmente essas doenças em crianças.
Isso porque, proporcionalmente, a traqueia de uma criança é de diâmetro muito menor do que em um adulto.
Como consequência disso, a mesma quantidade de tecido mole inchando ao redor da traqueia de uma criança, ameaçará as vias aéreas de uma criança muito mais rapidamente.
Assim, por exemplo,"1 mm de inchaço no diâmetro normalmente de 4-5mm da traqueia do recém-nascido reduzirá a área transversal em 75% e aumentará a resistência ao fluxo de ar dezesseis vezes.
Em comparação, o mesmo 1mm de inchaço no am adulto diminuiria a área transversal da traqueia em apenas 44% e aumentaria a resistência ao fluxo de ar em apenas três vezes." Askera era uma assassina de crianças.
ASKARA COMO PUNIÇÃO POR LASHON HARÁ- E MUITO MAIS ...
Em outros lugares do Talmud, a askará foi descrita como o resultado do pecado de malediência, calúnia, difamação e fofocas. O pecado conhecido como lashon hará.
Mas também ocorre por causa de muitos outros pecados relacionados:
תנו רבנן אסכרה באה לעולם על המעשר רבי אלעזר ברבי יוסי אומר על לשון הרע אמר רבא ואיתימא רבי יהושע בן לוי מאי קראה והמלך ישמח באלהים יתהלל כל הנשבע בו כי יסכר פי דוברי שקר
כשנכנסו רבותינו לכרם ביבנה היה שם רבי יהודה ורבי אלעזר ברבי יוסי ורבי שמעון נשאלה שאלה זו בפניהם מכה זו מפני מה מתחלת בבני מעיים וגומרת בפה נענה רבי יהודה ברבי אלעאי ראש המדברים בכל מקום ואמר אף על פי שכליות יועצות ולב מבין ולשון מחתך פה גומר נענה רבי אלעזר ברבי יוסי ואמר מפני שאוכלין בה דברים טמאין דברים טמאים סלקא דעתך אלא שאוכלין בה דברים שאינן מתוקנים נענה רבי שמעון ואמר בעון ביטול תורה
Os Sábios ensinaram: Askará veio ao mundo, como punição por negligenciar a separação do dízimo. O rabino Elazar, filho do rabino Iossei, disse: Askará veio como punição por Lashon Hará (calúnia)...
O rabino Elazar, filho do rabino Iossei, respondeu e disse: Esta doença termina na boca porque se come coisas não-kasher. Eles imediatamente se perguntaram, sobre isso: Por acaso, poderia entrar em sua mente dizer, que askará seria causada por comer comida não-kasher? Mas, aqueles que comem comida não kasher são tão numerosos? Isso contradiz o que você está falando, já que essa doença é letal! Em vez disso, se alguém for relacionar essa doença com transgressão por alimento, se trata de uma punição por comer alimentos que não foram preparados ritualmente, ou seja, não foram dizimados. O rabino Shimon respondeu e disse: Esta doença veio ao mundo, como uma punição pelo pecado de abandonar o estudo da Torá.
O FALECIMENTO DO RABINO MEIR SHAPIRA, FUNDADOR DO PROGRAMA DAF IOMI
Em 1994, o Professor Dr. Ieshaiahu Nitzan, da Faculdade de Ciências da Vida da Universidade Bar Ilan escreveu sobre o falecimento do fundador do ciclo de estudo, chamado Daf Iomi, o rabino Meir Shapira de Lublin:
כדאי להזכיר, כי הרב מאיר שפירא ז'ל מלובלין, חמייסד וראש ישיבת ’חכמי לובלין’ המפורסמת, והוגה רעיון לימוד ’הדף היומי’, נפטר לפתע בגיל 47 מדיפתריה
Devemos notar que o rabino Meir Shapira de Lublin, de abençoada memória, fundador e líder da famosa Ieshivah "Hah'mei Lublin", e quem estabeleceu o ciclo de estudo "daf haIomi", faleceu repentinamente, aos 47 anos, de difteria...
Há um relato "aparentemente" de testemunha ocular, do falecimento do rabino Shapira, que teria sido escrito por seu aluno, Iehoshua Baumol.
Baumol - que foi assassinado no Holocausto - teria escrito seu relato, em iídiche, em 1934, um ano após o episódio.
O manuscrito foi traduzido para o inglês por Charles Wengrow e publicado pela Feldheim em 1994 como A Blaze in the Darkening Gloom: The Life of Rav Meir Shapiro. Um trecho da obra diz:
A cada poucos minutos, ele lavava as mãos enquanto sua mente estava obviamente imersa em pensamentos distantes.
A luta evidente que ele tinha que fazer, para respirar era de partir o coração. Se podia sentir a agonia terrível e agitada que ele teve que sofrer para tentar colocar um pouco de ar em seus pulmões, e tentar como ele faria, continuando a falhar, porque os canais estavam bloqueados."
Pode ter sido pneumonia, ou tifo, de difteria, ou até mesmo uma forma grave de gripe.
Se fosse Difteria especificamente, isso significaria que o fundador do movimento Daf Iomi teria morrido de uma doença que o Talmud associava com uma punição por lashon hará ou por comer alimentos dos quais não foram tirados os dízimos, ou, mais inapropriadamente ainda, uma desistência no estudo da Torá. O exato contrário da vida dele.
Há uma lição aqui. Se por um lado, atribuir um sentido espiritual às dificuldades pessoais é uma longa tradição judaica; por outro, nunca se deve atribuir tal sentido para explicar tragédias, que podem acontecer aos outros. Acho que o rabino Shapira teria concordado.
MAIS ASKARÁ
Como já deve ter dado para aprender, a difteria é causada por uma bactéria chamada Corynebacterium difteria.
A infecção leva à fraqueza e febre, seguida pelo inchaço na garganta que gradualmente se torna coberta por uma membrana cinzenta espessa.
Seria essa membrana que nos daria o termo Difteria, o termo vem do Grego e significa uma pele ou Couro.
Mas os espanhóis chamavam a doença pelo que fazia com suas vítimas: El garrotillo - ou, a Doença do Estrangulamento.
A membrana cinzenta espessa que se desenvolve na garganta seria pathognomônica para difteria e seria, provavelmente até, a origem da palavra askará.
Embora o Rashi a tenha identificado como relacionada à palavra hebraica miskar ou misgar significando fechada, é mais provável que o termo tenha sido derivado da palavra grega esc'hara (εσχαρα) que significaria cicatriz.
A difteria foi certamente difundida durante a era talmúdica, como o primeiro século do médico grego Aretaeu da Capadócia deixou claro em seu importante trabalho De causis et signis acutorum morborum [As Causas e Sintomas das Doenças Agudas.
Esta tradução é de:
http://data.perseus.org/citations/urn:cts:greekLit:tlg0719.tlg001.perseus-eng1:1.9]
A causa do mal nas amígdalas é a deglutição de substâncias frias, ásperas, quentes, ácidas e adstringentes... que as crianças, até a puberdade, especialmente sofrem, pois as crianças em particular têm respiração grande e fria; pois há mais calor neles; além disso, são destemperados em relação à comida, têm um anseio por alimentos variados e bebidas geladas; e eles se curvam tanto na raiva e no esporte; e essas doenças são familiares para as meninas até que tenham sua purgação menstrual. A terra do Egito a gera especialmente, o ar deles seco para a respiração, e os alimentos diversificados, consistindo de raízes, ervas de muitos tipos, sementes áridas e bebida espessa;"
Porque a difteria mata a vítima por sufocamento, identificar esta doença com askará é certamente razoável.
E por causa de um entusiasmo rabínico para a doença terrível, vista como uma punição "medida por medida", a doença era associada a transgressões da boca e garganta.
Seria a punição por não comer alimento permitido, fossem na interpretação de um aquilo que fosse kasher. Embora a opinião tenha sido rejeitada. Ou fosse, por caluniar os outros (Shabat 33a).
Também foi identificada como a epidemia bíblica que eclodiu depois que um grupo de espias retornou de uma missão, e deu um relatório sombrio sobre as chances de conquistar a Terra de Israel.
"Quanto aos homens que Moshe enviou para explorar a terra, aqueles que voltaram e fizeram toda a comunidade murmurar contra ele espalhando calúnias sobre a terra - aqueles que espalharam tais calúnias sobre a terra, morreram da praga, pela vontade do HaShem, e o rav Nahman bar Itzhak disse: Eles morreram de askará."
(Bamidbar 14 : 36 - 37. Talmud Bavli Sotah 35a.)
AS MORTES DOS 24.000 ALUNOS DO RABINO AKIVA PODE TER SIDO DE ASKARÁ
Askera também poderia ter sido a causa de uma pandemia, dita no Talmud (tratao de Ievamot 62b) causando a morte de 24 mil estudantes do grande sábio rabino Akiva (em meados de 50 a 135 da era comum) :
O rabino Akiva tinha doze mil pares de estudantes, numa área de terra que se estendia de Guevat a Antipatris na Judéia, e todos morreram em um período de tempo, porque não se trataram com respeito....
É ensinado que todos eles morreram no período entre Pessa'h até Shavuot. O rav Hama bar Aba disse (e alguns dizem que foi rabino Hía bar Avin): Todos eles morreram uma morte grave. O que é chamado de morte ruim? O rav Nahman disse: Askará.
(A passagem idêntica também aparece no Midrash Kohelet Rabah 11 : 6, mas numa terceira passagem, encontrada no Midrash Bereshit Rabah 61 : 3 o período de tempo, não foi mencionado.
Para uma análise das primeiras fontes rabínicas, veja o trabalho de Aaron Amit, The Death of Rabbi Akiva’s Disciples: A Literary History, "A Morte dos Discípulos do Rabino Akiva: Uma História da Literatura", Journal of Jewish Studies 56 (2005), 265 - 284.)
DIFTERIA NA HISTÓRIA RECENTE
Por causa da ocorrência em vias aéreas, a Askará era uma assassina de crianças.
"Nenhum caso de Difteria deixa de ser atendido, pelo perigo", escreveu o médico britânico William Jenner em 1861.
"Por mais leve que o caso possa parecer no início, a morte pode acabar ocorrendo. Nunca fique de fora de sua guarda.
A Difteria era considerada, uma assassina oportunista, levando príncipes e plebeus igualmente.
Em 1878, a filha da Rainha Vitória, princesa Alice, morreu da doença aos 35 anos, assim como o filho mais novo de Alice, Marie, de quatro anos.
Assim como a filha do presidente dos EUA Grover Cleveland; seu nome era Rut, e ela tinha doze anos de idade.
Na Espanha, a irmã mais nova de Pablo Picasso chamada Conchita morreu de difteria aos sete anos.
A difteria foi uma das razões pelas quais, antes de existirem as vacinas modernas, a taxa de mortalidade infantil era tão alta.
No início do século XIX, quase metade de todas as crianças morriam antes de chegar ao quinto aniversário; no final, ainda assim, um quarto delas morria.
Epidemias de Difteria eram um fato da vida. Paul de Kruif, autor do famoso livro de 1926 Microbe Hunters escreveu que:
"várias vezes a cada cem anos [difteria] parece ter altos e baixos violentos de crueldade".
As enfermarias dos hospitais para crianças doentes eram melancólicos; havia tosse borbulhando prevendo sufocamento; nas fileiras tristes de camas estreitas tinham travesseiros brancos enquadrando rostos pequenos com o aperto estrangulado de uma mão desconhecida. Através dessas salas andaram médicos, tentando esconder sua desesperança com falsa alegria; impotentes perante a cama e os berços — tentando de vez em quando, dar a uma criança sufocando sua respiração de volta, empurrando um tubo em sua traqueia plugada por membrana....
Cinco em cada dez desses berços, enviaram seus hóspedes para o necrotério.
E pensar que existe gente hoje, em pleno século XXI, CONTRA A VACINAÇÃO!
(Paul De Kruif, Caçadores de Micróbios. Nova Iorque: Harcourt, Brace and Company, 1926.185.)

AVRAHAM JACOBI E A LUTA CONTRA A DIFTERIA
Há um ponto alto na história dos israelitas e a Difteria. Este ponto alto está na figura de Avraham Jacobi (1830-1919), uma das personalidades mais importantes na batalha moderna contra a doença.
Jacobi nasceu na região alemã da Vestfália e, quando jovem, estudou medicina e se envolveu na política de revolução de Berlim.
Ele passou cerca de dois anos na prisão, e fugiu antes que novas acusações pudessem ser feitas contra ele. Ele então fez o seu caminho para Nova York em 1853.
Sua ascensão através das fileiras médicas foi meteórica; O New York Times informou que: "o crédito foi dado a ele por médicos famosos por ter dado mais à ciência da pediatria neste país do que qualquer outro médico"... Seus escritos foram aceitos em todos os lugares como palavras de uma Autoridade.
Tornou-se Presidente da seção de estudo de Doenças Infantis na New York Medical College, que foi a primeira posição desse tipo no país, e passou grande parte de seu esforço clínico no diagnóstico e tratamento da difteria.
No início de 1860 ele apresentou uma série de casos de mais de cento e vinte crianças em que ele havia diagnosticado a doença, e em 1880 ele publicou seu Tratado sobre Difteria, que se baseou no seu até então ter diagnosticado milhares. Em um sinal revelador dos tempos, difteria matou um de seus dois filhos, um menino chamado Ernst, de sete anos. Ele tinha sido impotente para detê-lo.
Mesmo assim, aprendeu no que exatamente estava equivocado, quando escreveu que "no momento, parece completamente improvável que as bactérias tenham qualquer função direta na difteria".
Em 1883, mesmo ano em que seu filho morreu da doença, um patologista prussiano chamado Edwin Klebs identificou uma bactéria que estava associada à temida pseudo-membrana que crescia sobre a parte de trás da garganta da criança, bloqueando as vias aéreas.
Um ano depois, um microbiologista alemão chamado Friedrich Loeffler foi capaz de cultivar a bactéria em seu laboratório, e demonstrou que isso causava Difteria em cobaias e coelhos.
Mas Jacobi chamou a atenção para a doença, e uma abordagem disciplinada para seu diagnóstico e terapia, embora, naquela época antes dos antibióticos, quase não houvesse intervenções médicas eficazes para falar.
Jacobi também enfatizou a importância da higiene, do banho e da limpeza, que talvez fossem as ferramentas mais importantes na prevenção da difteria.
Hoje, o Hospital Jacobi, no Bronx, em sua homenagem, é um centro de trauma nível 1 de 460 leitos, atendendo os 1,2 milhões de residentes do Bronx e nova-iorquinos.
É um lembrete da contribuição que este imigrante judeu da Alemanha fez para o campo da pediatria, e para a luta contra uma doença assassina da infância, que foi mencionada no Talmud.


