הֲדַרַן עֲלָךְ אַרְבָּעָה רָאשֵׁי שָׁנִים
אִם אֵינָן מַכִּירִין אוֹתוֹ — מְשַׁלְּחִין עִמּוֹ אַחֵר לְהַעִידוֹ. בָּרִאשׁוֹנָה הָיוּ מְקַבְּלִין עֵדוּת הַחֹדֶשׁ מִכׇּל אָדָם. מִשֶּׁקִּלְקְלוּ הַבַּיְיתּוֹסִים, הִתְקִינוּ שֶׁלֹּא יְהוּ מְקַבְּלִין אֶלָּא מִן הַמַּכִּירִין. גְּמָ׳ מַאי אַחֵר? חַד, וְחַד מִי מְהֵימַן?! וְהָתַנְיָא: מַעֲשֶׂה שֶׁבָּא הוּא וְעֵדָיו עִמּוֹ לְהָעִיד עָלָיו! אָמַר רַב פָּפָּא: מַאי ״אַחֵר״ — זוּג אַחֵר. הָכִי נָמֵי מִסְתַּבְּרָא, דְּאִי לָא תֵּימָא הָכִי — ״אִם אֵינָן מַכִּירִין אוֹתוֹ״, מַאי ״אוֹתוֹ״? אִילֵּימָא ״אוֹתוֹ״ חַד — וְחַד מִי מְהֵימַן? ״מִשְׁפָּט״ כְּתִיב בֵּיהּ. אֶלָּא מַאי ״אוֹתוֹ״ — אוֹתוֹ הַזּוּג, הָכִי נָמֵי: מַאי ״אַחֵר״ — זוּג אַחֵר. וְחַד לָא מְהֵימַן? וְהָתַנְיָא: מַעֲשֶׂה בְּרַבִּי נְהוֹרַאי שֶׁהָלַךְ אֵצֶל הָעֵד לְהָעִיד עָלָיו בְּשַׁבָּת בְּאוּשָׁא! אָמְרִי: רַבִּי נְהוֹרַאי סָהֲדָא אַחֲרִינָא הֲוָה בַּהֲדֵיהּ, וְהָא דְּלָא חָשֵׁיב לֵיהּ — מִשּׁוּם כְּבוֹדוֹ שֶׁל רַבִּי נְהוֹרַאי. רַב אָשֵׁי אָמַר: רַבִּי נְהוֹרַאי סָהֲדָא אַחֲרִינָא הֲוָה בְּאוּשָׁא, וַאֲזַל רַבִּי נְהוֹרַאי לְאִצְטְרוֹפֵי בַּהֲדֵיהּ. אִי הָכִי, מַאי לְמֵימְרָא? מַהוּ דְּתֵימָא: מִסְּפֵיקָא לָא מְחַלְּלִינַן שַׁבְּתָא, קָא מַשְׁמַע לַן. כִּי אֲתָא עוּלָּא, אָמַר: קַדְּשׁוּהּ לְיַרְחָא בְּמַעְרְבָא. אָמַר רַב כָּהֲנָא: לָא מִיבַּעְיָא עוּלָּא, דְּגַבְרָא רַבָּה הוּא, דִּמְהֵימַן. אֶלָּא אֲפִילּוּ אִינִישׁ דְּעָלְמָא נָמֵי מְהֵימַן. מַאי טַעְמָא? כֹּל מִילְּתָא דַּעֲבִידָא לְאִגַּלּוֹיֵי — לָא מְשַׁקְּרִי בַּהּ אִינָשֵׁי. תַּנְיָא נָמֵי הָכִי: בָּא אֶחָד בְּסוֹף הָעוֹלָם וְאָמַר קִדְּשׁוּ בֵּית דִּין אֶת הַחֹדֶשׁ — נֶאֱמָן. בָּרִאשׁוֹנָה הָיוּ מְקַבְּלִין עֵדוּת הַחֹדֶשׁ מִכׇּל אָדָם וְכוּ׳. תָּנוּ רַבָּנַן: מָה קִלְקוּל קִלְקְלוּ הַבַּיְיתּוֹסִין? פַּעַם אַחַת בִּקְּשׁוּ בַּיְיתּוֹסִין לְהַטְעוֹת אֶת חֲכָמִים, שָׂכְרוּ שְׁנֵי בְּנֵי אָדָם בְּאַרְבַּע מֵאוֹת זוּז, אֶחָד מִשֶּׁלָּנוּ, וְאֶחָד מִשֶּׁלָּהֶם. שֶׁלָּהֶם — הֵעִיד עֵדוּתוֹ וְיָצָא. שֶׁלָּנוּ, אָמְרוּ לוֹ: אֱמוֹר כֵּיצַד רָאִיתָ אֶת הַלְּבָנָה! אָמַר לָהֶם: עוֹלֶה הָיִיתִי בְּמַעֲלֵה אֲדוּמִּים, וּרְאִיתִיו שֶׁהוּא רָבוּץ בֵּין שְׁנֵי סְלָעִים, רֹאשׁוֹ דּוֹמֶה לְעֵגֶל, אׇזְנָיו דּוֹמִין לִגְדִי, קַרְנָיו דּוֹמוֹת לִצְבִי, וּזְנָבוֹ מוּנַּחַת לוֹ בֵּין יַרְכוֹתָיו, וְהֵצַצְתִּי בּוֹ וְנִרְתַּעְתִּי וְנָפַלְתִּי לַאֲחוֹרַי. וְאִם אֵין אַתֶּם מַאֲמִינִים לִי — הֲרֵי מָאתַיִם זוּז צְרוּרִין לִי בִּסְדִינִי. אָמְרוּ לוֹ: מִי הִזְקִיקְךָ לְכָךְ? אָמַר לָהֶם: שָׁמַעְתִּי שֶׁבִּקְּשׁוּ בַּיְיתּוֹסִים לְהַטְעוֹת אֶת חֲכָמִים, אָמַרְתִּי: אֵלֵךְ אֲנִי וְאוֹדִיעַ לָהֶם, שֶׁמָּא יָבוֹאוּ בְּנֵי אָדָם שֶׁאֵינָם מְהוּגָּנִין וְיַטְעוּ אֶת חֲכָמִים. אָמְרוּ לוֹ: מָאתַיִם זוּז — נְתוּנִין לְךָ בְּמַתָּנָה, וְהַשּׂוֹכֶרְךָ יִמָּתַח עַל הָעַמּוּד. בְּאוֹתָהּ שָׁעָה הִתְקִינוּ שֶׁלֹּא יְהוּ מְקַבְּלִין אֶלָּא מִן הַמַּכִּירִין. מַתְנִי׳ בָּרִאשׁוֹנָה הָיוּ מַשִּׂיאִין מַשּׂוּאוֹת. מִשֶּׁקִּלְקְלוּ הַכּוּתִים, הִתְקִינוּ שֶׁיְּהוּ שְׁלוּחִין יוֹצְאִין. כֵּיצַד הָיוּ מַשִּׂיאִין מַשּׂוּאוֹת? מְבִיאִין כְּלוֹנְסָאוֹת שֶׁל אֶרֶז אֲרוּכִּין, וְקָנִים, וַעֲצֵי שֶׁמֶן, וּנְעוֹרֶת שֶׁל פִּשְׁתָּן. וְכוֹרֵךְ בִּמְשִׁיחָה וְעוֹלֶה לְרֹאשׁ הָהָר וּמַצִּית בָּהֶן אֶת הָאוּר. וּמוֹלִיךְ וּמֵבִיא וּמַעֲלֶה וּמוֹרִיד, עַד שֶׁהוּא רוֹאֶה אֶת חֲבֵירוֹ שֶׁהוּא עוֹשֶׂה כֵּן בְּרֹאשׁ הָהָר הַשֵּׁנִי, וְכֵן בְּרֹאשׁ הָהָר הַשְּׁלִישִׁי. וּמֵאַיִן הָיוּ מַשִּׂיאִין מַשּׂוּאוֹת? מֵהַר הַמִּשְׁחָה לְסַרְטְבָא, וּמִסַּרְטְבָא לִגְרוֹפִינָא, וּמִגְּרוֹפִינָא לְחַוְורָן, וּמֵחַוְורָן לְבֵית בִּלְתִּין, וּמִבֵּית בִּלְתִּין לֹא זָזוּ מִשָּׁם, אֶלָּא מוֹלִיךְ וּמֵבִיא וּמַעֲלֶה וּמוֹרִיד עַד שֶׁהָיָה רוֹאֶה כׇּל הַגּוֹלָה לְפָנָיו כִּמְדוּרַת הָאֵשׁ. גְּמָ׳ מַאי מַשְׁמַע דְּ״מַשִּׂיאִין״ לִישָּׁנָא דִּיקוֹד הוּא? דִּכְתִיב: ״וַיִּשָּׂאֵם דָּוִד וַאֲנָשָׁיו״, וּמְתַרְגְּמִינַן: וְאוֹקְדִינֻן דָּוִד. תָּנוּ רַבָּנַן: אֵין מַשִּׂיאִין מַשּׂוּאוֹת אֶלָּא עַל הַחֹדֶשׁ שֶׁנִּרְאָה בִּזְמַנּוֹ לְקַדְּשׁוֹ. וְאֵימָתַי מַשִּׂיאִין — לְאוֹר עִיבּוּרוֹ. לְמֵימְרָא דְּאַחָסֵר עָבְדִינַן, אַמָּלֵא לָא עָבְדִינַן. מַאי טַעְמָא? אָמַר רַבִּי זֵירָא: גְּזֵירָה מִשּׁוּם רֹאשׁ חֹדֶשׁ חָסֵר שֶׁחָל לִהְיוֹת בְּעֶרֶב שַׁבָּת. אֵימַת עָבְדִי — בְּאַפּוֹקֵי שַׁבְּתָא. דְּאִי אָמְרַתְּ נַעֲבֵיד נָמֵי אֲמַלֵּא — אָתוּ
§ Foi ensinado na Mishná: Houve uma vez um incidente em que mais de quarenta pares de testemunhas estavam passando a caminho de Jerusalém para testemunhar sobre a lua nova, e o rabino Akiva os deteve em Lod, dizendo que não havia necessidade para eles profanarem o Shabat com esse propósito. Foi ensinado em um baraita: O rabino Iehudá disse: Hás VeShalom! Dizer que rabino Akiva os deteve, pois ele certamente não cometeria tal erro. Em vez disso, o que aconteceu foi que Zefer, o chefe da cidade de Gueder, que os deteve. E Raban Gamliel mandou emissários e eles o removeram de seu alto cargo porque ele agiu de forma inadequada.
MISHNÁ: Se um pai e seu filho vissem a lua nova, os dois deveriam ir ao tribunal em Jerusalém. Não é que eles pudessem se unir para prestar depoimento, pois parentes próximos são desqualificados para testemunhar juntos, mas ambos iriam para que se um deles fosse desqualificado, o segundo poderia se juntar a outra testemunha para depor sobre a lua nova. O rabino Shimon diz: Um pai e seu filho e todos os seus parentes estão aptos a se unir como testemunhas para depoimento para determinar o início do mês.
O rabino Iossei disse: Houve um incidente com o médico Tovia. Quando ele viu a lua nova em Jerusalém, ele, seu filho e seu escravo libertado foram testemunhar. Os sacerdotes aceitaram a ele e a seu filho como testemunhas e desqualificaram seu escravo, pois determinaram estritamente que o mês só poderia ser santificado com base no testemunho de israelitas. E quando compareceram ao tribunal, o aceitaram e seu escravo como testemunhas e desqualificaram seu filho, devido ao relacionamento familiar.
GUEMARÁ: O rabino Levi disse: Qual é a razão para a opinião do rabino Shimon permitir que parentes testemunhem em conjunto sobre a lua nova, apesar do fato de que os parentes são geralmente desqualificados para testemunhar juntos? É como está escrito: “E o HaShem falou a Moshe e Aharon na terra do Egito, dizendo: Este mês será para vocês o princípio dos meses; será o primeiro mês do ano para vocês.” (Shemot 12 : 1, 2). As palavras “para vocês” ensinam que este testemunho a respeito da lua nova seria válido mesmo quando fosse dado "por vocês dois", ou seja, Moshe e Aharon, que eram irmãos e normalmente não poderiam testemunhar juntos.
A Guemará pergunta: E com relação aos rabinos, que discordavam do rabino Shimon e proíbiram os parentes de testemunharem juntos sobre a lua nova, como eles entenderam este verso? A Guemará responde: Eles interpretaram o verso da seguinte maneira: Este testemunho é dado a você e a outros, como você. Ou seja, os meses devem ser estabelecidos pelas autoridades mais destacadas de cada geração.
§ A Mishná ensinou: O rabino Iossei disse: Houve um incidente com o médico Tovia. Quando ele viu a lua nova em Jerusalém, ele, seu filho e seu escravo libertado foram testemunhar. O rav Ḥanan bar Rava disse: A halahá está de acordo com a opinião do rabino Shimon. Isto é, parentes podem testemunhar juntos sobre a lua nova. O rav Huna disse ao rav Ḥanan bar Rava: Mas o rabino Iossei, cuja posição é geralmente aceita sobre a de seus colegas, decidiu de outra forma, e também, houve um incidente em que o tribunal realmente decidiu contra o rabino Shimon, e ainda assim você diz que a halahá está de acordo com a opinião do rabino Shimon?
O rav Ḥanan bar Rava disse a ele: Mas muitas vezes eu disse antes de Rav que a halahá está de acordo com a opinião do rabino Shimon sobre este assunto, e ele nunca me disse nada que indicasse que ele discordava. O rav Huna disse a ele: Como você ensinou a mishná? O rav Ḥanan bar Rava disse a ele: Com as atribuições opostas, isto é, a posição que é atribuída na mishná ao rabino Iossei, eu ensinaria em nome do rabino Shimon. O rav Huna disse a ele: Por esse motivo, ele nunca disse nada a você, pois de acordo com sua versão, você decidiu corretamente. Tavi, filho de Mari Tavi, disse que Mar Ukva tinha dito que Shmuel havia ensinado: A halahá está de acordo com a opinião do rabino Shimon.
MISHNÁ: Os seguintes são inadequados para dar testemunho, visto que eram considerados ladrões e assaltantes: Aquele que joga dados [kubia] ou outros jogos de azar por dinheiro; e aqueles que emprestam dinheiro a juros; e aqueles que competem com pombos e apostam no resultado; e mercadores que negociam com produtos do Ano de Shemitá, que poderiam ser consumidos, mas não poderiam ser um objeto de comércio; e escravos. Este é o princípio: Qualquer testemunho para o qual uma mulher seja inadequada, estes também são inadequados. Embora em certos casos o testemunho de uma mulher fosse aceito, por exemplo, para testemunhar a morte do marido de alguém, na maioria dos casos o testemunho dela não era considerado válido.
GUEMARÁ: Isso implica que qualquer testemunho para o qual uma mulher seja adequada, esses também são adequados. O rav Ashi disse: Quer dizer, aquele que é considerado um ladrão pela lei rabínica, ou seja, aquele que ilegalmente possuísse dinheiro, mas não cometesse assalto, seria como aqueles mencionados na mishná. Embora geralmente fossem inadequados para dar testemunho, eles seriam adequados para dar testemunho para permitir que uma mulher se case novamente.
MISHNÁ: Com relação àquele que viu a lua nova, mas não pode ir a Jerusalém a pé porque está doente ou tem dificuldade para andar, outros podem trazê-lo em um jumento ou mesmo em uma cama, mesmo no Shabat, se necessário. E se as testemunhas estão preocupadas que os bandidos possam estar à espreita por eles ao longo da estrada, eles podem levar porretes ou outras armas em suas mãos, mesmo no Shabat.
E se foi uma longa jornada para Jerusalém, eles poderiam levar o sustento com eles, embora seja normalmente proibido carregar no Shabat, uma vez que por uma distância de caminhada de uma noite e um dia, as testemunhas poderiam profanar o Shabat e sair para dar testemunho para determinar o início do mês. É assim que se afirma: “Estas são as Festas do HaShem, reuniões sagradas, que declarareis nas suas épocas” (Vaicrá 23 : 4). Isso ensinaria que, em todos os casos, os Festivais deveriam ser fixados em seus horários adequados, mesmo que isso implicasse a transgressão das proibições da Torá.
הֲדַרַן עֲלָךְ אַרְבָּעָה רָאשֵׁי שָׁנִים - VOLTAREMOS À VOCÊ: 'QUATRO ANOS NOVOS'...
MISHNÁ: Se os membros do Grande Sanhedrin em Jerusalém não estivessem familiarizados com aquele que viu a lua nova, ou seja, que ele seria uma testemunha válida, os membros de seu tribunal local de vinte e três enviavam outro com ele para testemunhar sobre ele . A mishná acrescenta: Inicialmente, o tribunal aceitava depoimentos para determinar o início do mês de qualquer pessoa, já que se presumia que todas fossem testemunhas qualificadas, na ausência de quaisquer fatores de desqualificação. No entanto, quando os Boetusianos, uma seita cujos membros tinham suas próprias opiniões a respeito do estabelecimento dos Festivais, corromperam o processo enviando falsas testemunhas para depor sobre a lua nova, os Sábios instituíram que eles aceitariam esse testemunho apenas daqueles homens conhecidos do Sanhedrin como testemunhas válidas.
GUEMARÁ: A Guemará pergunta: Qual é o sentido da declaração na mishná de que outra pessoa seria enviada junto para testemunhar a respeito da qualificação da testemunha para a lua nova? Se isso significa que outro indivíduo seria enviado,
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mas uma testemunha seria considerada confiável? Não foi ensinado em um baraita: houve um incidente em que uma testemunha em potencial veio testemunhar, e suas testemunhas estavam com ele, quando vieram testemunhar sobre ele? O uso do plural indicaria que duas testemunhas seriam necessárias para estabelecer alguém como uma testemunha ocular válida. O rav Pápa disse: Qual é o significado do termo: Outro? Significa outro par de testemunhas.
A Guemará comenta: Isso também é lógico, pois se você não o disser assim, então a declaração de abertura da mishná: Se os membros do Grande Sanhedrin não estiverem familiarizados com aquele, seria problemático. Qual é o sentido do termo: aquele? Se dissermos que está se referindo a essa testemunha, uma testemunha é considerada confiável? A palavra: Julgamento, é escrito com relação ao estabelecimento da Lua Nova e Rosh HaShanah: “Pois é um estatuto para Israel, um julgamento do Elohim de Israel” (Tehilim 81 : 5), e os julgamentos requerem duas testemunhas. Em vez disso, qual é o significado do termo: aquele? Aquele par de testemunhas. Da mesma forma aqui, qual é o significado do termo: Outro? Outro par de testemunhas.
The Guemará pergunta: E uma testemunha não seria considerada confiável para testemunhar sobre o testemunho ocular de quem viu a lua nova? Por acaso não foi ensinado num baraita: houve um incidente envolvendo o rabino Nehorai, que foi com a testemunha para testemunhar sobre ela no Shabat em Usha? Aparentemente, o rabino Nehorai ofereceu seu testemunho sozinho.
Os Sábios disseram sobre este incidente: Na verdade, eram necessárias duas testemunhas e, no caso do rabino Nehorai, havia outra testemunha com ele. E o fato de que ele não ter sido mencionado é devido à honra do rabino Nehorai, para não indicar que o outro era seu igual. O rav Ashi disse: No incidente envolvendo o rabino Nehorai, já havia outra testemunha esperando em Usha e o rabino Nehorai foi se juntar a ela.
A Guemará pergunta: Em caso afirmativo, qual é o propósito de declarar este incidente afinal? A Guemará responde: Para que você não diga que em um caso de incerteza não se profanaria o Shabat, ou seja, talvez a testemunha em Usha não estivesse presente naquele dia, o que significaria que o rabino Nehorai profanou o Shabat sem motivo. Portanto, o Tossefta nos ensina que para o importante propósito da Lua Nova, o Shabat pode ser profanado mesmo em caso de dúvida.
§ Quando Ula veio de Israel para a Babilônia, ele disse: Eles consagraram a Lua Nova em uma certa data no Ocidente, em Israel. Embora Ula fosse uma única testemunha, seu depoimento foi aceito. O rav Kahana disse: Não é necessário dizer que Ula, que é um grande homem, foi considerado confiável em relação a tal testemunho. Em vez disso, até mesmo uma pessoa comum seria considerada confiável neste caso, e não há necessidade de duas testemunhas. Qual é a razão para isto? Com relação a qualquer assunto que eventualmente será revelado, as pessoas não mentem sobre isso. A Guemará comenta que isso também foi ensinado em um baraita: Se uma pessoa vem do outro lado do mundo e diz: O tribunal consagrou o novo mês, ela é considerada confiável. Não há necessidade de duas testemunhas.
A mishná ensinou: Inicialmente, eles aceitariam o testemunho de qualquer pessoa para determinar o início do mês, e isso continuou até que os boetusianos começaram a corromper o processo. Os Sábios ensinaram um baraita que descreve o incidente decisivo: Qual foi a forma de corrupção em que os boetusianos se envolveram? Certa vez, os boetusianos tentaram enganar os sábios a respeito do dia da lua nova. Eles contrataram duas pessoas por quatrocentos zuzim para testemunharem falsamente que tinham visto a lua nova no trigésimo dia do mês. Um deles era nosso, ou seja, um membro dos Perushim e da comunidade dos sábios de Israel, e o outro era um deles.
Quando eles foram testemunhar, a testemunha deles apresentou seu depoimento de que vira a lua nova e depois foi embora. Quando nossa testemunha veio testemunhar, disseram-lhe, da maneira costumeira: Diga como você viu a lua. Ele disse a eles: Eu estava subindo em Ma’ale Adumim e vi que a lua nova estava agachada entre duas rochas. Sua cabeça era como a de um bezerro, suas orelhas eram como as de um cabrito, seus chifres eram como os de um veado e sua cauda estava deitada entre as coxas. E eu olhei para ele e fiquei assustado e caí para trás. E se você não acredita que foi isso que eu vi, há duzentos Zuzin embrulhados em meu manto que me foram pagos para prestar este testemunho.
Percebendo que o depoimento da primeira testemunha também era falso, os Sábios disseram a ele: Quem o convenceu a agir dessa maneira? Ele disse-lhes: Ouvi dizer que os Boetusianos estavam tentando enganar os Sábios, e disse a mim mesmo: Eu irei e me contratarei para dar falso testemunho e informarei os Sábios da verdade, para que não venham pessoas indignas e enganar os Sábios.
Os Sábios disseram a ele: Os duzentos Zuzin que você recebeu dos boetusianos são dados a você como um presente. Embora você não tenha cumprido sua missão, o tribunal está autorizado a declarar o dinheiro sem dono e a concedê-lo a você. E aquele que o contratou será pendurado no poste para ser açoitado. Naquela época, os Sábios instituíram que aceitariam depoimentos sobre a lua nova apenas daqueles homens que eram familiares ao Grande Sanhedrin como testemunhas qualificadas.
MISHNÁ: Inicialmente, depois que o tribunal consagrou o novo mês, eles acendiam tochas no topo das montanhas, de um pico a outro, para sinalizar à comunidade na Babilônia que o mês havia sido consagrado. Depois que os Shomrim [Kutim] corromperam e arruinaram esse método acendendo tochas nos momentos errados para confundir a mensagem, os Sábios instituíram que mensageiros deveriam ir à Diáspora e informá-los sobre o início do mês.
A mishná pergunta: Como eles acendiam as tochas durante aquele período anterior? Eles traziam itens que queimavam bem, por exemplo, longos postes de cedro, junco, pinheiro e linho batido, e os amarravam com um barbante. E alguém então subia ao topo da montanha e acendia a tocha com eles, e balançava para frente e para trás e para cima e para baixo, até que ele veria seu colega fazendo o mesmo no topo da segunda montanha. Dessa forma, ele saberia que o próximo mensageiro havia recebido a mensagem e a transmitido. E da mesma forma, o segundo portador da tocha esperaria por um sinal do que estava no topo da terceira montanha, e assim por diante. Desta forma, a mensagem chegava à Diáspora.
E de quais montanhas eles acenderiam as tochas? Eles iriam transmitir a mensagem do Monte das Oliveiras em Jerusalém para Sartava, e de Sartava para Gerofina, e de Gerofina para Ḥavran, e de Ḥavran para Beit Baltin. E de Beit Baltin eles não se moviam para acender tochas em qualquer outro local predeterminado. Em vez disso, aquele que foi nomeado para esta tarefa agitaria a tocha para frente e para trás e para cima e para baixo, até que ele veria toda a Diáspora diante dele acender como uma grande fogueira, enquanto eles acendiam tochas para continuar a transmitir a mensagem de um lugar para coloque todo o caminho até os confins da Diáspora.
GUEMARÁ: A mishná ensinou que eles acenderiam tochas [משיאין = massi'in]. A Guemará pergunta: De onde se pode inferir que o termo משיאין massi'in é uma expressão que implica queima? Como está escrito: “David e seus homens וישאם =Va'issa’em” (Shmuel Bet 5 : 21), e traduzimos o verso como: E David e seus homens os queimaram.
Os Sábios ensinaram num baraita: Tochas foram acesas apenas para um novo mês cuja lua foi vista em seu devido tempo, ou seja, no trigésimo dia do mês que terminava, para consagrar a próxima Lua Nova nessa data e declarar o mês anterior como contendo vinte e nove dias. Nesse caso, o trigésimo dia seria declarado o primeiro dia do mês seguinte. E quando eles acendiam as tochas? Era na véspera do seu dia adicional, aquele que teria sido adicionado se fosse um mês completo de trinta dias, ou seja, na véspera do trigésimo primeiro dia do mês que terminava.
A Guemará pergunta: Isso quer dizer que para a conclusão de um mês incompleto de vinte e nove dias se realiza a sequência de tochas acesas, mas para um mês inteiro não se realiza? Qual é a razão para isto? O rabino Zeira disse: Este é um decreto rabínico que foi instituído devido ao caso de uma Lua Nova após um mês deficiente de 29 dias que ocorre na véspera do Shabat. Nesse caso, quando realizam a iluminação? Na conclusão do Shabat, pois é proibido acender uma fogueira na noite de sexta-feira. O motivo do decreto é que se você disser que se acende tochas por um mês inteiro de trinta dias também, as pessoas podem vir...

