E se o plantio, o ato de ter colocado um broto ou de ter enxertado, ocorreu mais de trinta dias antes de Rosh HaShanah, o fruto deste plantio é proibido até o décimo quinto dia de Shevat do quarto ano desde o plantio da árvore, mesmo que os três anos já tenham sido completados anteriormente a Rosh HaShanah. Este princípio se aplica tanto para Orlá durante o ano de Orlá, quando então é proibido comer aquele fruto, quanto para produtos do quarto ano durante o ano do produto daquele quarto ano, que devem então ser consumidos em Jerusalém ou resgatados antes de serem consumidos fora de Jerusalém .
A Guemará pergunta: De onde essas questões derivam, de que as proibições de Orlá e produtos do quarto ano se estendem além de Tishrei até o décimo quinto dia de Shevat? O rabino Ḥía bar Ába disse que o rabino Ioḥanan disse - e alguns determinaram - que isso foi declarado em nome do rabino Ianai: O verso afirma: “Quando vocês entrarem na terra e plantarem vários tipos de árvores frutíferas, deverão considerar-lhes o fruto como algo proibido por três anos; eles serão proibidos, não comam. No quarto ano, todo o seu fruto será consagrado para se celebrar ao HaShem. No quinto, porém, poderão comer seu fruto, para que produzam ainda mais para vocês; EU SOU o HaShem, o Elohim de vocês” (Vaicrá 19 : 23, 24, 25)”.
O baraita explica: A repetição do termo “e”, indicada pelo ו "vav" conjuntivo, que une esses versos, ensina que há momentos em que a árvore já está em seu quarto ano e ainda assim o fruto é proibido como Orlá, dos versos “três anos ... e no quarto ano”; e há momentos em que a árvore já está em seu quinto ano e, ainda assim, o fruto é proibido como produto do quarto ano, a partir dos versos “no quarto ano ... e no quinto ano”.
A Guemará sugere: Digamos que este baraita não esteja de acordo com a opinião do rabino Meir, pois, se fosse de acordo com a opinião do rabino Meir, o rabino Meir não tinha dito que mesmo um dia no ano é considerado um ano? Como foi ensinado num baraita: O termo boi [פר] mencionado na Torá, sem especificação se refere a um boi de vinte e quatro meses e um dia de idade, embora seja conhecido pela tradição que um boi teria três anos , uma vez que já passou um dia do terceiro ano, já seria considerado parte três anos; esta é a declaração do rabino Meir.
O baraita continua: O rabino Elazar diz: O termo boi se refere a um animal de vinte e quatro meses e trinta dias de idade. Como diria o rabino Meir: Onde quer que um bezerro [עגל] seja declarado na Torá sem especificação, a referência será a um bezerro de um ano de idade; e no caso de um boi jovem [בן בקר] estará se referindo a uma vaca de dois anos; e a referência a um boi se refere a uma de três anos. Visto que o baraita lida com plantio, o requerimento seria que a árvore fosse plantada trinta dias antes de Rosh Hashanah, em vez de um dia, parecendo que não está de acordo com a opinião do rabino Meir.
A Guemará rejeita este argumento: Mesmo que você diga que o baraita estaria de acordo com a opinião do rabino Meir, isso poderia ser explicado da seguinte maneira. Quando o rabino Meir disse que um dia do ano é considerado um ano completo, isso ocorreria apenas quando o dia em questão, fosse no final do ano; posto que a contagem de um novo ano está para começar, o dia seria então considerado um ano inteiro. Mas se o dia fosse no início daquele ano, esse dia não seria considerado um ano inteiro.
Contra essa alegação, Rava disse: Mas não podemos invocar um argumento a fortiori para demonstrar exatamente o contrário? Considerando que, no caso de uma mulher menstruada, onde o início do dia não é contado como um dia inteiro no final de seu período de impureza ritual de sete dias e, em vez disso, ela deve esperar até o final do sétimo dia e mergulhar em um banho ritual apenas à noite; no entanto, o final do dia é contado como um dia inteiro no início de seu período ritualmente impuro, uma vez que se ela experimentou sangramento pouco antes do pôr do sol, esse dia é considerado o primeiro dia de seus sete dias período de impureza; em caso afirmativo, no caso de um ano, em que um dia é contado como um ano completo no final do ano...
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...não é certo que um dia deva contar como um ano inteiro no início do ano?
Em vez disso, qual opinião isso segue? Quer dizer, se o baraita não foi ensinado de acordo com a opinião do rabino Meir, ele segue então a opinião do rabino Elazar, que afirmaria que apenas trinta dias eram considerados um ano? E nesse caso, seriam necessários trinta dias e depois, mais trinta dias: trinta dias para que o plantio crie raízes e outros trinta dias, para contar como um ano. Como aprendemos numa Mishná: Não se pode plantar, colocar um broto ou enxertar árvores na véspera do Ano de Shemitá, menos de trinta dias antes de Rosh HaShanah, e se alguém plantou, colocou em camadas ou enxertou, deve arrancar, posto que o plantio criará raízes apenas no sétimo ano; esta é a declaração do rabino Elazar. O rabino Iehudá diz: Qualquer enxerto que não criar raízes em três dias nunca criará raízes. O rabino Iossei e o rabino Shimon disseram: São necessárias duas semanas para que o plantio crie raízes.
E sobre este assunto, o Rav Naḥman disse que Rába bar Avuh tinha dito: De acordo com a declaração de quem disse trinta dias, isso significa que seriam necessários trinta dias para o plantio enraizar e outros trinta dias para se contar como um ano. E de acordo com a declaração daquele que diz três dias, isso significaria que seriam necessários trinta e três dias. E de acordo com o posicionamento de quem diz, duas semanas, isso significaria que seriam necessárias duas semanas para o plantio enraizar, e outros trinta dias para se contar como um ano. E se o Taná da Mishná se mantiver de acordo com a opinião do rabino Iehudá, de que apenas três dias seriam necessários para o plantio criar raízes, ainda seriam necessários três dias para o plantio criar raízes e mais trinta dias para se contar como um ano. Nesse caso, o baraita não poderia ser entendido, nem mesmo de acordo com a opinião do rabino Elazar.
Em vez disso então, devemos entender do seguinte modo: O baraita na realidade, foi ensinado de acordo com a opinião do rabino Meir, e quando diz trinta dias, está se referindo ao tempo necessário para o plantio criar raízes.
A Guemará observa uma dificuldade: Mas, nesse caso, o requerido seria trinta e um dias; trinta dias para o plantio enraizar e mais um dia, para se contar como ano. A Guemará responde: Isso é teoricamente correto, mas ele sustenta que o trigésimo dia seria contado para cá e para lá, ou seja, contado como o trigésimo dia para criar raízes, e como um dia que seria contado como um ano.
O rabino Ioḥanan disse: E ambos os casos, o rabino Meir e o rabino Elazar, que discordavam sobre quanto tempo deveria passar para se contar como um ano, expuseram o mesmo verso. Como o verso declara: “No primeiro dia do primeiro mês do ano 601, a água secou completamente da superfície da terra; por isso, Noah removeu a tampa da arca e olhou: sim, a superfície do solo estava seca.” (Bereshit 8 : 13). O rabino Meir afirmou: Do fato de que era apenas um dia no ano, dado que ainda era o primeiro dia do primeiro mês, e ainda assim, foi chamado de ano "um" e "seiscentos" [no Hebraico os números são mencionados de modo separado], aprenda disso que um dia em um ano, já é considerado um ano.
E o outro Taná, o rabino Elazar, expunha o verso do seguinte modo. Se tivesse escrito: No ano seiscentos e um, daí sim seria como você disse. No entanto, note que está escrito: No ano "um" e "seiscentos", me permitindo dizer que, a palavra "ano" se refere ao numeral "seiscentos"; ensinando então, que ainda seria considerado o ano seiscentésimo. E o que significaria o termo “um” ali? Indicaria que era o início de um ano, mas não que o primeiro dia contasse como um ano.
A Guemará pergunta: E com relação ao rabino Elazar, qual é a razão de ser de sua opinião? Ou seja, de onde ele aprendeu que trinta dias são contados como um ano? Como está escrito: “No primeiro dia do primeiro mês.” Posto que, era apenas um dia no mês, e ainda assim o dia é chamado de mês no verso, aprenda disso que um dia em um mês já é considerado um mês. E como um dia em um mês já é considerado um mês, da mesma forma trinta dias em um ano já são considerados um ano, posto que um mês é calculado de acordo com sua unidade, e um ano é calculado de acordo com sua unidade. Se uma unidade pela qual um mês é calculado - ou seja, um dia - conta como um mês completo, também, uma unidade pela qual um ano é calculado - ou seja, um mês - conta como um ano completo.
§ A Guemará comenta: Por inferência, ambos, o rabino Meir e o rabino Elazar, sustentavam o posicionamento de que o mundo teria sido criado em Nissan, e que os anos seriam contados a partir desse mês, como se o mundo tivesse sido criado em Tishrei e a contagem começasse a partir daí, o primeiro dia do primeiro mês no seiscentésimo primeiro ano, já teria sido considerado seis meses no ano, para o propósito de se contar os anos.
Foi ensinado num baraita que os Taná'im discordavam sobre isso: O rabino Eliezer dizia: Foi em Tishrei que o mundo foi criado; em Tishrei nasceram os Patriarcas; em Tishrei os Patriarcas morreram; no Pessa'h Itzhak nasceu; e em Rosh Hashanah Sarah, Rahel e Hanah foram lembradas por Elohim e conceberam; em Rosh HaShanah Iossef saiu da prisão...
