(126) Chegou o tempo para HaShem agir, porque eles estão quebrando tua Torá.
Como Abraham Itzhak Kook (1865–1935) disse certa vez: Tal como existem leis da poesia, existe poesia nas leis. Os halahistas obedecem às [tais] regras e jogam o jogo de acordo com elas. Para chegar a suas decisões, o halahista deve usar os estratagemas legais aceitáveis. Ele sempre deve demonstrar que a lei realmente é o que ele diz que é, e que sua decisão foi alcançada com base haláhica. No entanto, especialmente quando o problema que ele enfrenta é de vital importância religiosa ou ética, ele sabe muito bem que algumas conclusões são descartadas desde o princípio, mesmo que pareçam convincentes do ponto de vista da lógica abstrata e da teoria jurídica pura.
(ב) כֹּל שֶׁחַיָּבִין עָלָיו מִשּׁוּם שְׁבוּת, מִשּׁוּם רְשׁוּת, מִשּׁוּם מִצְוָה, בְּשַׁבָּת, חַיָּבִין עָלָיו בְּיוֹם טוֹב. וְאֵלּוּ הֵן מִשּׁוּם שְׁבוּת, לֹא עוֹלִין בָּאִילָן, וְלֹא רוֹכְבִין עַל גַּבֵּי בְהֵמָה, וְלֹא שָׁטִין עַל פְּנֵי הַמַּיִם, וְלֹא מְטַפְּחִין, וְלֹא מְסַפְּקִין, וְלֹא מְרַקְּדִין....
(2) ... E estes são os atos que foram proibidos no Shabat pelos Sábios, por causa do conceito de descanso: Não se pode subir numa árvore, nem montar num animal, nem nadar, nem bater palmas, nem bater nas coxas, nem dançar ...
Nem bater palmas, nem bater [a] palma [da mão] nas coxas, nem dançar: Tudo isso foi proibido por um decreto que foi feito, para que ninguém montasse um instrumento musical para [então] acompanhar as palmas ou dança.
הַגָּה: וְהָא דִּמְסַפְּקִין וּמְרַקְּדִין הָאִדָּנָא וְלֹא מָחִינָן בְּהוּ מִשּׁוּם דְּמוּטָב שֶׁיִּהְיוּ שׁוֹגְגִין וְכו'. וְיֵשׁ אוֹמְרִים דְּבַזְּמַן הַזֶּה הַכֹּל שָׁרֵי, דְּאֵין אָנוּ בְּקִיאִין בַּעֲשִׂיַּת כְּלֵי שִׁיר וְלֵיכָּא לְמִגְזָר שֶׁמָּא יְתַקֵּן כְּלֵי שִׁיר דְּמִלְּתָא דְּלֹא שָׁכִיחַ הוּא וְאֶפְשָׁר שֶׁעַל זֶה נָהֲגוּ לְהָקֵל בַּכֹּל (תּוֹסָפוֹת סוֹף פֶּרֶק הַמֵּבִיא כַּדֵּי יַיִן).
REMA: Mas há quem bata palmas e dançam hoje em dia! (Moshe Isserles viveu entre 1520-1572) E não devemos impedir ... E há quem diga que hoje tudo isso é permitido! Porque não somos especialistas em consertar instrumentos, e não podemos decretar [tal proibição, com base no argumento:] "para que ninguém montasse um instrumento", pois é uma coisa que acontece com pouca frequência. Portanto, é possível que, por causa disso, o costume seja ser leniente com tudo isso. (Tossafot, Perek HaMeivi Kadei Yayin)
1] Apenas a justificativa original para uma determinada lei serve de razão para mantê-la, e ese tal razão não mais se aplicar, a lei pode ser alterada ou até revogada.
2] As consequências de manter o "status quo" [manter uma lei desatualizada] são piores do que as consequências de alterar ou anular a regra; portanto, a lei desatualizada deve ser alterada ou revogada.
-Resumo do Rav Roni Tabick da obra do rabino Joel Roth, chamada Principles of Halakhic Change = Princípios da Mudança Haláhica.
Mishná: Não se protesta contra os estrangeiros pobres que vierem buscar respigas, feixes esquecidos e os produtos nos cantos dos campos, que são dados aos pobres, embora sejam destinados exclusivamente aos Israelitas pobres pelo preceito da Torá, por causa da ideia de caminhos da paz. Da mesma forma, os Sábios ensinaram: Se sustenta estrangeiros pobres junto com israelitas pobres, e se visita estrangeiros doentes, junto com israelitas doentes, e se sepulta estrangeiros mortos com israelitas mortos: Todos [estes casos] são praticados [assim], por conta do conceito de caminhos da paz.
-Manter a Dignidade Humana
-Manter os Caminhos da paz
-Preocupar-se com danos financeiros excessivos
-Não causar danos
-Preservar a vida
Um exemplo notável de mudança na lei está relacionado com um marido que se perdeu no mar. A lei talmúdica é rígida neste assunto. Se a água for ilimitada (maim she'ein lahem sof), ou seja, não tiver limites visíveis, a esposa não pode se casar novamente, pois seu marido pode ter sobrevivido... 94 No início do século XIII, um navio afundou, e depois por alguns anos, Eliezer de Verona permitiu que uma mulher cujo marido aparentemente havia desaparecido com o navio, se casasse novamente. Ele argumentou que o Talmud não diz que a esposa nunca pode se casar novamente, apenas que 'ela é proibida', o que ele interpretou no sentido de que, ela está proibida de fazer algo, até que fosse permitida pelos rabinos - isto é, que seria deixado para o tribunal determinar se seria provável que, após um longo período de tempo e em determinadas circunstâncias, o marido estivesse vivo. Isso é conhecido na literatura halahica como: "a permissão apresentada por Eliezer de Verona com base em evidências circunstanciais" ...
Esta dispensação, não foi em si aceita pelos halahistas posteriores mas, no entanto, foi invocada quando poderia ser adicionada, a outras razões que levassem a uma decisão indulgente. No século XIX, Moses Sofer acrescenta a consideração adicional de que, 'hoje em dia' (ele viveu entre 1762-1839), quando as comunicações melhoraram além de todo reconhecimento (ele cita o serviço postal, o telégrafo e os jornais), é ainda mais provável que, se o marido ainda estivesse vivo, ele teria encontrado meios de notificar sua família. Ele também apresenta o argumento de que decidem daquele modo, "apenas quando há outras razões para a clemência"... mas ele atribui o sentido. Nisso, ele é seguido pelo rabino lituano Isaac Elhanan Spektor (1817-1896), a maior autoridade do século XIX no problema do "marido desaparecido". O mesmo argumento foi usado, entre outros, para permitir que as esposas da tripulação do submarino israelense Dakar se casassem novamente quando ele afundou no mar em 1968.
O Comitê de Lei e Padrões Judaicos (cuja sigla em Inglês é CJLS) tem uma longa e orgulhosa história de abordar questões importantes envolvendo rituais e práticas sociais, enquanto nossa comunidade luta com os desafios de observar a lei judaica num contexto moderno. Somos sempre motivados pelo mandato de nossa tradição de que os rabinos em cada geração apliquem a lei judaica, com sensibilidade e eficácia, [frente] às novas circunstâncias de seu tempo, recorrendo não apenas aos precedentes de nossa tradição, mas também aos seus [próprios] conceitos e valores fundamentais. A questão da homossexualidade e halahah é particularmente controversa em nosso momento histórico, mas dificilmente é [uma questão] única, quando comparada aos tópicos complexos abordados por nossos predecessores. Cinqüenta anos atrás, nosso comitê estava igualmente ocupado pelo assunto das "agunot" = as mulheres que haviam sido abandonadas por seus maridos, mas que eram consideradas “acorrentadas” a eles, pela lei. Além disso, os críticos advertiram que as soluções halahicas criativas moldadas pelo CJLS seriam "a ruína da halahah", mas, na realidade, disso emergiu um dos melhores momentos da liderança rabínica moderna. Nossos predecessores aplicaram os princípios haláhicos clássicos de novas maneiras, a fim de libertar as mulheres desse dilema jurídico. Dor dor v’doroshav - cada geração exige suas próprias interpretações da lei judaica. Como diz a Torá, "Quando surgir um assunto que o confunda ... você deve ir e consultar o juiz que estará naqueles dias, e ele lhe dirá a lei." (Devarim 17 : 9) Para o CJLS evitar este problema ou declarar que nada pode ser feito pelos homossexuais que desejam observar a halahah, seria abandonar o mandato da Torá. Na verdade, se não tivéssemos encontrado orientação convincente na halahah para a vida sexual de nossos judeus contemporâneos, incluindo aqueles que são gays e lésbicas, isso seria uma derrota terrível para nossa missão religiosa.
Como nossa reação para com a halahah viva é afetada? Se existir um abismo tão vasto entre nós e os halahistas tradicionais na teoria da halahá, pode haver alguma continuidade na prática? Parte da resposta é que os halahistas tradicionais foram inspirados por sua teoria, mas não estavam escravizados a ela. Eles adotaram uma postura fundamentalista, mas quando o fizeram, aquilo era [considerado] uma postura bastante respeitável de se adotar. Antes do surgimento da erudição moderna, e sem qualquer antecipação de suas realizações, a doutrina da inspiração verbal e o resto [que daquilo se deriva] não ofendiam a razão, e não comprometiam a integridade intelectual do halahista [em questão]. [Aquilo] fornecia o pano de fundo para todas as suas atividades, porque nenhuma teoria rival convincente, jamais se apresentou a sua mente. E os halahistas nunca compreenderam a teoria de uma forma que os inibisse de dar sua própria contribuição original. Pelo contrário, toda a área da lei rabínica, do direito de emitir ordenanças e de interpretar a halahá de modo a torná-la conforme, bem como para guiar e dirigir a vida do povo, era ela própria considerada como tendo sanção bíblica.
